Da escola pública para o mundo dos intelectuais; conheça a história de Francisco Diemerson

No dia em que se comemora a Liberdade de Pensamento, vamos conhecer uma história acadêmica de sucesso.


Última atualização em 17/07/2023 por Ítalo Duarte

Por Michele Becker/Seduc

Ele não herdou uma empresa altamente lucrativa, tampouco contou com o dinheiro da família. Assim como milhares de brasileiros, ele começou sua trajetória profissional de forma realmente humilde e conseguiu chegar ao topo por meio do estudo e de muita dedicação. No dia em que se comemora a Liberdade de Pensamento, vamos contar a trajetória acadêmica de sucesso de Francisco Diemerson. Ontem, ex-aluno de escolas públicas de Sergipe, hoje recém-nomeado professor de História da Universidade de Pernambuco (UPE).

Nascido em 1985, no município de Jaicós, no interior do Piauí, o menino franzino chegou a Aracaju com sua família, em 1989. Seu primeiro contato com a cultura sergipana deu-se na Escola Municipal Sabino Ribeiro, no bairro 18 do Forte. Em sua memória afetiva, Francisco tem lembranças marcantes desse ambiente escolar no qual aprendeu a ter contato com bibliotecas e, consequentemente, uma relação mais íntima com os livros. “Foi nessa escola que eu aprendi a ler e a escrever, mas, principalmente, foi onde eu tive contato pela primeira vez com a minha grande paixão: biblioteca”.

Anos mais tarde, já adolescente, Francisco foi estudar no Colégio Estadual 17 de Março, no bairro Santo Antônio. Foi nesse ambiente acolhedor que o educador conheceu as professoras de história (Lizete Oliveira), português (Mércia Franco) e geografia (Marli Andrade e Rose Almeida), as quais se transformariam em verdadeiras referências profissionais em sua vida.

“Na época, a escola tinha vários projetos importantes que estimulavam o hábito da leitura e da escrita entre os estudantes. Foi num desses projetos que eu, com 12 anos de idade, tive o prazer de conhecer a professora e historiadora Maria Thétis Nunes. Por meio da escola eu pude usufruir do ambiente arquitetônico e do acervo documental disponível para consulta no Arquivo Público de Sergipe, além de visitar museus e de viajar para a aldeia indígena Xokó, em Porto da Folha, ainda na década de 1990”, comenta.

Uma revolução literária ocorreu na vida do jovem Francisco quando ele se tornou aluno do Atheneu Sergipense. Foi nesse ambiente de efervescência criativa que Francisco se deparou com a ‘Arcádia Literária Estudantil do Atheneu Sergipense’, uma espécie de academia estudantil de Letras, criada em 1956, cujos objetivos eram promover eventos culturais e estimular o interesse dos estudantes pela literatura.

“O Atheneu é um outro mundo! A partir do momento em que você entra nessa escola, ela fica marcada na sua história de vida como tatuagem. Foi graças ao Atheneu que eu tive a oportunidade de conhecer Luiz Fernando Ribeiro Soutelo, então presidente do Conselho Estadual de Cultura. Soutelo me chamou para trabalhar, em 2001, no meu primeiro estágio em cultura. Dezenove anos depois, em 2020, eu fui nomeado membro e eleito presidente do Conselho Estadual de Cultura e tive a grata satisfação de tê-lo como membro do conselho que eu presidia. Outro reflexo importante da Arcádia na minha vida intelectual foi a minha contribuição, desde 2015, na Academia de Letras de Aracaju”, destaca Francisco.

Após concluir o ensino médio, Francisco começa a se deparar com os dilemas da vida adulta. Em 2006, ele faz o vestibular e conquista uma vaga no curso de Museologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus Laranjeiras, e outra vaga no curso de História da Universidade Tiradentes (Unit), Campus Aracaju. “Como eu vinha de uma família humilde e trabalhava para me sustentar, não tinha condições financeiras de me deslocar a Laranjeiras para fazer um curso diurno; então optei pelo curso de História da Unit, pois também havia sido contemplado com uma bolsa Prouni”, afirma.

Com o ensino superior concluído, Francisco inicia uma nova jornada de formação.

Em 2010, entra no Mestrado em Educação da Unit, com bolsa de estudo da Fapitec, onde defende a dissertação sobre ‘Homofobia nas escolas públicas estaduais’. Em 2017, ingressa no doutorado de História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde defende a tese ‘Cinema e segunda guerra mundial’, sob a orientação do professor doutor Dilton Maynard, em 2021.

Com uma trajetória acadêmica e intelectual bem consolidada, Francisco arregaça as mangas e começa a estudar para concursos públicos de docentes. “Eu ministro aulas numa faculdade particular de Aracaju desde 2012, mas, infelizmente, as faculdades particulares não têm recursos para investir em pesquisa. Por isso, depois que eu defendi o doutorado,  meu foco passaram a ser os concursos para universidades públicas porque eu gosto muito de realizar pesquisas históricas, além, claro, da estabilidade que o cargo oferece”, enfatiza.

Determinado por natureza, não precisou de muito tempo para Francisco Diemerson atingir seu objetivo. Atualmente, o professor está em processo de mudança para Petrolina, Pernambuco. Ele foi aprovado no concurso para professor efetivo da Universidade de Pernambuco (UPE) e recém-nomeado para assumir a vaga no Campus de Educação. A posse está prevista para acontecer em agosto. Boa sorte, professor!

O que é liberdade de pensamento?
É a autonomia que as pessoas têm para expressar e defender suas ideias e pontos de vista, mesmo que sejam diferentes do que outros indivíduos pensam. Além disso, é a possibilidade de buscar conhecimentos e informações de qualquer natureza. Cabe destacar ainda que a liberdade de pensamento é um dos princípiosda Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A liberdade de pensamento está prevista na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso IV. Além disso, é corroborada com o dispositivo 222, também da Magna Carta: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo e veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nessa Constituição”.

Dia da Liberdade de Pensamento
A data, celebrada em todo o mundo, é 14 de julho, em referência ao dia da Tomada da Bastilha, de 1789, evento emblemático da liberdade de pensamento ocorrido na Revolução Francesa.

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