Última atualização em 10/10/2023 por Ítalo Duarte
Por Fernanda Santiago, SE79
Um jovem ciclista, medalhista e com um futuro promissor no esporte, este é Daniel Lima, de 17 anos e natural do município de Porto da Folha. Em setembro, o atleta se tornou bicampeão nos Jogos da Juventude, disputando provas de alto nível. A conquista se somou às suas demais vitórias, com um total de 14 medalhas, sendo 9 de ouro.
Atualmente, Daniel disputa no Campeonato Sergipano, na Copa Norte e Nordeste e no Campeonato Brasileiro de Ciclismo de Estrada, em busca de novos triunfos.
O ciclista concedeu uma entrevista para o SE79 e falou sobre sua trajetória, expectativas para o futuro e desafios do cenário esportivo.
Qual a sua história com o ciclismo, como tudo começou e o que te motivou a se dedicar a este esporte?
Desde novo, o ciclismo já se fazia presente em minha vida. Sempre tive bicicleta, para deslocamento e recreação. Em 2017, ganhei uma bicicleta MTB do meu pai, para poder pedalar junto com um grupo de ciclismo da minha cidade, somente para passeios. Com o passar do tempo, fui pedalando mais vezes por semana, por pura diversão e sem intenção alguma de treinar. Apenas em 2019 que participei da minha primeira prova. Fui sem compromisso algum e mesmo assim consegui fazer uma 3° colocação, e a partir disso minha competitividade só aumentou. Troquei os passeios pelos treinos, tendo, no início, como referência meus próprios companheiros de treino. Fui naturalmente evoluindo e com isso procurando novas formas de intensificar tais resultados (treinos, funcionais, academia, alimentação), me dedicando totalmente ao ciclismo, o que resultou em toda minha história e ganhos.
Como é a sua rotina de treinamentos para alcançar esse nível de sucesso nas competições?
A rotina de qualquer atleta de alta performance é extremamente exaustiva, tendo uma longa carga de treino diária. No meu caso, não sendo somente ciclismo, faço também treino funcional, academia, mobilidade e até outros esportes que possam me ajudar, como corrida e natação. Tudo isso conciliado a uma boa alimentação, hidratação, suplementação e uma rotina regular de sono.
Este ano foi marcado pela sua última participação nos Jogos da Juventude, como você sentiu ao representar o seu estado e quais são os seus planos para o futuro? Possui outros campeonatos em mente?
Sempre é uma grande responsabilidade ter de representar todo um Estado, mas sou grato pela oportunidade. Busco dar meu melhor acima de tudo para poder trazer bons resultados. Tenho novos horizontes para serem explorados. Continuarei no calendário Sergipano mas também irei participar de mais provas, a nível nacional ou até algumas internacionais.
Sabemos que o ciclismo pode ser associado a alguns acidentes e perigos, você já teve alguma experiência em que esteve em risco?
O ciclismo, principalmente em rodovias, com a atual educação dos motoristas brasileiros, se torna bastante perigoso. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, apenas no ano de 2021, morreram 1.381 ciclistas no Brasil. Não existe respeito ou consciência por boa parte dos condutores, que não cumprem a distância mínima de ultrapassagem ou leis como não dirigir embriagado. Isso, juntamente com o risco de furto, alinhado à baixa infraestrutura das estradas, que por boa parte não apresentam acostamento, possuem sujeira, buracos e vegetação que invade a pista. Um acumulo de itens que dificulta a prática do ciclismo para treino, recreação ou até transporte.
Eu mesmo já passei por várias situações de riscos e discussões com motoristas, por “finos” ou atitudes parecidas. Tive um caso mais grave no mês de junho do corrente ano, onde estava treinando com um amigo e fomos surpreendidos com um motorista (taxista de Porto da Folha) embriagado que conduziu o carro na contramão em alta velocidade em nossa direção, tivemos até que sair da pista para que não fossemos atropelados. No momento, tinha um corredor que quase foi atropelado junto. Realizei todo o procedimento de denúncia, mas houve uma falta de interesse por parte da polícia em relação ao caso, que não quis prestar o flagrante e só disponibilizou o B.O. no dia seguinte, e, mesmo depois de aberto, não houve investigação, assim gerando impunidade ao crime.
Na sua opinião, atualmente existem incentivos suficientes para os jovens atletas que buscam um futuro no esporte? Você possui algum apoiador financeiro ou patrocínio?
Os custos para me manter treinando são altos, os gastos são principalmente com peças da bicicleta, vestimentas (sapatilha, roupas, capacete, óculos, etc.), suplementação, alimentação e academia. No momento, quem me ajuda é meu pai, mas seria de suma importância tentar arranjar patrocinadores que possam ajudar com os custos.
Ainda faltam muitas coisas para que o cenário esportivo venha a evoluir, como educação, incentivos monetários, projetos e criação de mais áreas para práticas de desportos. A vida no esporte é bastante complexa pra quem vai começar ou já está nele há mais tempo. Se manter sem patrocínios é quase impossível, o que resulta na desistência de vários atletas, que é bem comum.