Última atualização em 29/09/2023 por Ítalo Duarte
Por Ítalo Duarte
Um corpo na geladeira. Foi essa a dinâmica que chocou o estado de Sergipe na última semana quando um cadáver foi encontrado dentro de uma mala guardada na geladeira de um apartamento em um bairro de classe média da capital. Oito dias após o fato, a Polícia Civil reuniu a imprensa em uma coletiva nesta quinta-feira, 28, para trazer atualizações sobre o caso em que há uma técnica em enfermagem suspeita pela ocultação do cadáver, uma criança de quatro anos e a vítima, que teve a identidade confirmada pela polícia.
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Segundo o delegado Tarcísio Tenório, à frente das investigações, o documento em nome de Celso Adão Portella encontrado no apartamento do bairro Suíssa confere com os exames periciais. O advogado, jornalista e escritor gaúcho estaria hoje com 80 anos.
O próximo passo, segundo a polícia, é identificar a causa da morte através do trabalho de análise óssea em busca de indícios e de como o corpo foi conservado.
Também é estudado se a suspeita usou algum processo químico para manter o corpo tanto tempo na geladeira sem chamar a atenção – pelo odor – da vizinhança.
Em depoimento, ela afirmou que “guardou” o cadáver por sete anos, mas nega que tenha cometido o crime de homicídio, tendo encontrado a vítima sem vida quando chegou em casa.
O delegado confirmou que a vítima era aposentada do INSS e recebeu os valores até 2019, mas que a movimentação bancária está sendo apurada.
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Celso Adão Portella
Em investigação sobre a vida do advogado e jornalista, a polícia concluiu que ele veio de Porto Alegre para Sergipe a trabalho, através de convite do reitor de uma universidade privada, chegando a coordenar um dos cursos de graduação da Unidade de Ensino Superior.
Em outro estado e se mantendo afastado da família e filhos, mesmo após tanto tempo sem contato, não houve nenhum registro de ocorrência de desaparecimento do homem. Também não houve a suspeita de pessoas que já tiveram ligação com ele aqui em Sergipe.
Técnica em enfermagem
Internada no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), a suspeita de 37 anos afirmou, segundo o delegado Tarcísio Tenório, que escondeu o corpo por medo de ser responsabilizada pela morte de Celso Adão Portella, com quem convivia amorosamente.
No último dia 20 de setembro, ela foi surpreendida por um oficial de justiça para cumprimento de uma ordem de despejo do apartamento. Neste momento, ela fez ferimentos no pulso e pescoço em uma suposta tentativa de suicídio. Uma equipe do Samu foi acionada.
Em sequência, no decorrer do cumprimento da ordem judicial, uma mala foi encontrada dentro da geladeira e, dentro dela, um cadáver em estado avançado de decomposição. A polícia foi contatada.
Diante das informações, a Polícia Civil tomou o depoimento da suspeita, que foi presa por ocultação de cadáver e maus-tratos a uma criança de quatro anos, filha dela, que estava no apartamento em condições insalubres.
“Demos voz de prisão à mulher logo após o atendimento médico e a encaminhamos ao DHPP, onde foi interrogada e confessou a ocultação do cadáver. Foram encontrados documentos, dentre os quais o de identificação da suposta vítima, documentações de Celso Adão Portella. Diante disso, rapidamente instauramos inquérito policial e solicitamos os exames periciais.”
Delegado Tarcísio Tenório
Criança
De acordo com Tenório, inicialmente o Conselho Tutelar resgatou a filha da técnica em enfermagem. Hoje a garota se encontra sob cuidados de um familiar e está frequentando a escola.