Última atualização em 19/01/2025 por Aclecio Prata
A recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), gerou grande repercussão em veículos de imprensa internacionais, com destaque para as implicações da medida, que interfere diretamente na ausência do ex-presidente na posse de Donald Trump, marcada para amanhã, segunda-feira, 20 de janeiro.
A decisão de Moraes é parte de uma investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com a medida, Bolsonaro não poderá comparecer à posse de Trump, evento para o qual foi convidado, sendo representado por seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como destacado pelo jornal britânico The Guardian.
Análises internacionais
O jornal americano The New York Times fez um paralelo entre as trajetórias políticas de Bolsonaro e Trump, ressaltando que, enquanto o presidente eleito dos Estados Unidos retorna ao poder, Bolsonaro enfrenta investigações e permanece inelegível até 2030, conforme decisão da Justiça Eleitoral brasileira. A publicação destacou que, diferentemente dos Estados Unidos, as autoridades brasileiras tomaram medidas rápidas para barrar as ambições políticas de Bolsonaro, evidenciando o apoio limitado que ele recebeu de seu grupo político.
Por outro lado, o The Wall Street Journal chamou atenção para a ausência de Bolsonaro na posse de Trump, apesar de ser considerado um dos aliados mais próximos do ex-presidente americano na América Latina. A publicação observa que a decisão de não permitir a viagem de Bolsonaro reflete um novo capítulo nas relações entre o ex-presidente e o sistema judiciário brasileiro.
Justificativa do STF
O The Washington Post trouxe à tona os argumentos apresentados pelo ministro Alexandre de Moraes para manter o passaporte retido. Moraes justificou sua decisão destacando que Bolsonaro não ocupa um cargo oficial que justificasse sua participação na posse de uma autoridade estrangeira. A publicação também mencionou o histórico de embates judiciais entre Bolsonaro e o ministro do STF, com o ex-presidente frequentemente desafiando as decisões da Corte.
A medida reflete o atual momento político no Brasil, com um ex-presidente afastado de importantes eventos internacionais e confrontando investigações que podem ter impacto em sua carreira política futura. A decisão de Moraes, além de ser um reflexo da relação conturbada entre o ex-presidente e o Judiciário, também sublinha o contexto das investigações sobre os eventos pós-eleição de 2022.
Com o passaporte retido e a impossibilidade de estar presente na posse de Trump, Bolsonaro vê mais um obstáculo em sua trajetória política, enquanto o Brasil continua a lidar com as consequências dos acontecimentos que marcaram as eleições passadas.