Última atualização em 24/05/2024 por Ítalo Duarte
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, morreu aos 63 anos na queda de um helicóptero, confirmou o Ministério das Relações Exteriores do Irã nesta segunda-feira (20).
Raisi, que foi eleito em 2021 e tinha mandato até 2025, era a segunda pessoa mais importante do Irã, atrás apenas do aiatolá Ali Khamanei, líder supremo do país e de quem o atual presidente era um protegido e possível sucessor.
Segundo a imprensa oficial iraniana, o helicóptero caiu numa região montanhosa do Irã em razão das más condições climáticas durante um voo que transportava Raisi e outras autoridades que voltavam do Azerbaijão.
A queda da aeronave ocorreu entre as aldeias de Pir Davood e Uzi, na província iraniana de Azerbaijão Oriental, cerca de 600 km a noroeste de Teerã, a capital iraniana (veja no infográfico abaixo).
Além de Raisi, a queda matou o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian.
A aeronave transportava, ainda, Malek Rahmati, governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, e Hojjatoleslam Al Hashem, líder religioso. As mortes dos dois não foram confirmadas, no entanto, mais cedo, a imprensa oficial informou não haver sinal de sobreviventes no local da queda.
Buscas levaram cerca de 12 horas
A queda do helicóptero ocorreu por volta das 13h (no horário local, 6h no de Brasília), mas a aeronave só foi encontrada cerca de 12 horas depois.
Além das dificuldades de acesso ao local, o tempo ruim dificultava os trabalhos de resgate. O helicóptero foi avistado por integrantes do Crescente Vermelho iraniano, depois que um drone foi enviado pela Turquia com sensores de calor para identificar o local da queda.
Inicialmente, o ministro do Interior iraniano informou que o helicóptero que levava o presidente teria feito um pouso forçado. Mais tarde, a imprensa oficial informou que a aeronave havia sofrido um acidente em razão das más condições climáticas.
Quem era Ebrahim Raisi
Ebrahim Raisi foi eleito em 1º turno em 2021 para um mandato de 4 anos, numa eleição com abstenção recorde e da qual vários adversários foram impedidos de participar pelo Conselho de Guardiães da Constituição.
Entre os que haviam sido tirados da corrida eleitoral estavamo o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani, o atual vice-presidente Es-Hagh Jahanguiri e o reformista Mostafa Tajzadeh.
Na década de 1980, Raisi participou das chamadas comissões da morte, que levaram à execução de cerca de 5 mil militantes opositores que se voltaram contra o regime dos aiatolás. Em 2019, os Estados Unidos impuseram sanções a Raisi por conta da participação nas mortes.
Em 2022, já sob Raisi, o governo iraniano reagiu com violência à onda de protestos que pediam justiça por Mahsa Amini, uma jovem que morreu três dias após ser presa por não usar adequadamente o véu em local público (veja no vídeo abaixo). Mais de 500 manifestantes foram mortos nos protestos, segundo a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana).
Na ocasião, Raisi afirmou que o Irã deveria “lidar de forma decisiva com aqueles que se opõem à segurança e à tranquilidade do país”.
No plano internacional, o Irã viveu um escalada de tensão com Israel que, em 1º de abril, matou 7 membros da Guarda Revolucionária num ataque à embaixada iraniana na Síria. Em resposta, em 13 de abril, o Irã lançou um ataque contra Israel, que retaliou em 18 de abril.
Fonte: G1