Última atualização em 18/07/2024 por Diego Mota
Após mais de dois meses internado com 35% do corpo queimado, um homem de 54 anos, em situação de rua, morreu no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), em Aracaju, nessa terça-feira (16). A Polícia Civil está investigando o caso desde junho, mas ninguém foi preso pelo crime.
No dia 9 de maio, o homem foi resgatado por agentes municipais de São Cristóvão e levado para o Hospital Senhor dos Passos, na cidade. Dois dias depois, foi transferido para o Huse. Segundo a unidade, ele estava com queimaduras de 2º grau no rosto, tronco, membros superiores e inferiores. Recebeu atendimento da equipe multidisciplinar da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, no último dia 8 de julho, chegou a ser transferido para um leito de enfermaria, mas não resistiu.
Investigações
De acordo com as investigações, a suspeita é de que o crime tenha ocorrido no Bairro Siqueira Campos, na capital, onde o homem também costumava ser visto. Depois, a vítima apareceu deitada nos passeios do centro comercial do Conjunto Eduardo Gomes, em São Cristóvão, na Grande Aracaju, apresentando graves lesões. Segundo a polícia, ele ficou no local por cerca de cinco meses e não houve atendimento médico e nem denúncia na delegacia.
A polícia ouviu uma irmã afetiva da vítima, além de comerciantes locais, a Assistência Social e a Controladoria da Prefeitura e o Posto de Urgência de São Cristóvão. Também foram realizadas diligências no município.
Ainda segundo os levantamentos, o homem possuía histórico de transtorno psiquiátrico, esquizofrenia e autismo. Ele circulava por diversos bairros e por cidades do interior. Em uma dessas cidades do interior, anos antes, a vítima teria apresentado um quadro semelhante de queimaduras, e também chegou a ficar internada no Huse.
Até o momento, nenhum suspeito foi identificado. Informações que possam contribuir com a elucidação do caso sejam repassadas à polícia por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo do denunciante é garantido.
O que diz a prefeitura de São Cristóvão?
A Prefeitura de São Cristóvão informou que o Serviço de Abordagem Social tem acompanhado o caso desde abril. No primeiro momento, foi ofertado o acolhimento institucional para a casa de passagem estadual, mas o homem não aceitou.
“Durante a abordagem, a equipe da Assistência acionou o Samu, mas só não conseguiram levar o usuário por resistência do mesmo, então, os profissionais da UPA do Eduardo Gomes e da UBS Maria Figueroa tentaram encaminhá-lo até a unidade de saúde para atendimento médico, porém, o mesmo não aderiu e evadiu do local que estava”, informou a nota.
Na semana seguinte, a psicóloga do município tentou localizá-lo nas proximidades do local em que ficava no Eduardo Gomes, mas não o localizou. Já na primeira semana de maio, as equipes do Serviço de Abordagem Social em conjunto com as equipes da UPA e CAPS conseguiram levá-lo para o Huse, ao perceberem, durante visita, que ele estava bastante debilitado.
A prefeitura ainda informou que ofertou auxílio funeral para dar suporte no sepultamento, que ocorreu no Cemitério de São Cristóvão nesta tarde.
População de rua em SE
Segundo a Coordenadoria da Pastoral do Povo, em Sergipe há, oficialmente, através do CadÚnico do Governo Federal, 1.074 pessoas em situação de rua, mas a organização acredita que haja subnotificação e esse número seja, pelo menos, o dobro.
Fonte: G1