Última atualização em 29/09/2024 por Diego Mota
Por Narcizo Machado e colaboração de Diego Rios
Um terremoto se abateu na campanha de Luiz Roberto. A notícia de que ele não passou por aposentadoria, e sim por uma demissão por justa causa, criou clima tenso e chamou a atenção para a gravidade da informação.
Ao Jornal da Fan, Luiz disse em entrevista, na última semana, que foi vítima de perseguição política no governo Temer. Na Justiça do Trabalho ele pediu reintegração à empresa. Ao jornalista André Barros, Téo Santana, irmão de Luiz, afirmou que nada teve a ver com a investigação que culminou na demissão e fez um esclarecimento que está comprovado ao longo desta edição da Domingueira.
Bem na reta final da campanha e mais um suposto esquema de desvio de recursos é revelado. Algumas considerações precisam antes serem feitas para o entendimento do que foi vazado à imprensa. Me refiro a um robusto documento com 79 páginas.
Pela incompletude de algumas frases e informações, parece que a fonte fez questão de selecionar alguns trechos, o que nos leva a desconfiar de uma robustez mais complexa, caso haja relatório mais amplo.
Outra importante informação: o documento vazado é um relatório que teria sido enviado ao Ministério Público de Sergipe (MP/SE) em agosto de 2021. E qual a importância da cronologia? Ele não se trata, como até aqui foi narrado, do processo que culminou com a demissão por justa causa de Luiz Roberto, esta ocorreu em abril de 2019.
“Os fatos que ensejaram a demissão por justa causa do ex-empregado encontram-se fora do escopo da presente apuração, que aborda novos fatos e outras questões”, diz trecho da introdução do relatório.
Na introdução, o Jurídico da Petrobras alega “possível prática de favorecimento”, e o mais grave, aponta o candidato do prefeito Edvaldo Nogueira“ como beneficiário em possíveis desvios de recursos”.
Ao MP/SE, a Petrobras apresentou provas. São supostos e-mails trocados entre Luiz e o irmão, Téo Santana. Téo possuía contrato com a estatal para a realização de eventos que foram promovidos por meio de patrocínio da empresa. A alegação é de “relação imprópria”. Luiz era chefe do setor que liberava os patrocínios.
Além dos e-mails, o relatório cita contratos feitos “supostamente de forma irregular”. O mais grave de tudo, no entanto, são as pistas de que Luiz seria, supostamente, destinatário de parte dos valores de pagamentos realizados às empresas de Téo Santana.
No documento, consta a informação de que Luiz, supostamente, pede R$ 120 mil “livres”, de um projeto de patrocínio para o “Arraiá do Povo 2014”. No e-mail, Téo apresenta duas relações de gastos, uma como se fosse a “oficial” e outra com despesas e siglas identificando os destinatários, entre ele o “LR”, ao lado da sigla o valor de 120. Segundo o relatório, “LR” supostamente seria Luiz Roberto.
Noutro trecho do e-mail, Téo e Luiz discutem a distribuição dos custos com a emissão de nota fiscal, é quando Luiz de forma explícita afirma, “preciso dos 120 livre”. E encaminha o pagamento das despesas de outra forma.
Não satisfeito com os e-mails e buscando mais detalhes, o Jurídico da Petrobras teria informado ao MP-SE que foram solicitadas informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) para análise de possíveis relações entre as empresas, apontadas como de “propriedade de Téo Santana”.
Segundo o relatório, o COAF teria apontado “atipicidade em diversas transações” e a existência de “saques em espécie”.
Ainda a André Barros, Téo Santana disse que esse ofício encaminhado ao MPE-SE foi arquivado por suposta falta de provas.
Mesmo que não se tenha conseguido comprovar as supostas ilicitudes, o caso requer seriedade e reflexões, cabem até questionamentos.
Lembremos que o empresário Téo Santana permanece em atuação em Sergipe. Uma possível vitória de Luiz Roberto possibilitaria, na sua futura gestão, novos supostos favorecimentos?
Se procedem os pedidos de repasses, eles também poderiam ocorrer nos mais diversos contratos da Prefeitura de Aracaju em uma possível futura gestão?
As versões sobre impactos na campanha são diversos. Membros da coordenação de Luiz afirmam que ele manteve crescimento e está no caminho do segundo turno.
Coordenações de candidaturas da oposição, consultadas pela Domingueira, trazem versões diferentes, uma assegura que não teve impacto e outra assevera que Luiz perdeu pontos suficientes para ficar fora do segundo turno.
Em uma semana saberemos os efeitos destas revelações que afetam o mais governista entre os candidatos à Prefeitura de Aracaju